segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Descomplicar os Afectos, no Verão: O tempo de ser infiel à rotina


Algarve Destak - Julho/ Agosto 2009
Entrevista
Jornalista Patrícia Susano Ferreira - Destak

Quais os efeitos das férias e do Verão na vida social e amorosa dos portugueses?
É sobretudo uma oportunidade de refrescar as relações, com uma boa onda de afectos. Nesta altura, o tiquetaque do relógio marca o contratempo dos momentos aguardados. Durante longos meses guardámos na caixinha dos nossos projectos uma série de coisas para fazer nas férias (ou simplesmente para não fazer). E eis chegado o momento em que reconquistamos um precioso bem da modernidade: o tempo.

Temos mais tempo para os outros?
Por um lado, é sinónimo de descanso e de libertação do stress acumulado, e por outro de activação da socialização e dos afectos. Sentimos o calor e as emoções à flor da pele e os nossos sentidos despertam para o mundo lá fora. O nosso espaço de existência alarga as suas fronteiras e aumentam significativamente as nossas interacções, a proximidade com os outros, as trocas, o contacto. Temos a oportunidade e a vontade de estar mais com os amigos, de viver o amor, de dar asas à paixão, de ter novas descobertas e novas experiências. O desafio é a forma como traduzimos para a prática esta oportunidade de mergulhar neste mar de afectos e de relações.

Os portugueses sentem-se demasiado presos às 'paixões de Verão' ou conseguem esquecer rápido?
A paixão e o Verão formam um casal perfeito. Quando se juntam nasce o romance. As histórias de paixão escritas na areia da praia podem ser apagadas pelas ondas, ficando a saudade e uma bonita recordação, ou podem levar ao desejo de cimentar algo mais. Esta incerteza faz parte do encanto.

Este período longe do trabalho e das rotinas pode ajudar a consolidar relacionamentos já existentes?
O Verão dá-nos a oportunidade de viver e de explorar os afectos.
Nas relações esta poderá ser a oportunidade desejada de estar a dois, de ter mais tempo para namorar, para fazer grandes projectos ou pequenos desafios, de nos reaproximarmos e de fortalecer a ligação. Não interessa o local ou o quê, porque são sobretudo as pessoas que fazem os momentos. O que interessa é dançar esta música a dois. E o amor é como andar de bicicleta.

Há quem diga que nos tornamos mais “promíscuos”?
O Sol e as férias trazem o desejo e a vontade, estimulam o olhar para o exterior e despimo-nos de papéis burocratizados. Neste sentido, as pessoas estão mais abertas a iniciar novas relações, a encontrarem novas amizades, a sentirem-se atraídas pela novidade. Mas chamaria a isso a “boa promiscuidade”. Neste impulso para o mexerico dos afectos, as “antigas” relações podem parecer um peso, mas uma relação baseada sobretudo no companheirismo poderá beneficiar apimentando-se com a “boa promiscuidade” do Verão. A paixão renova-se com o desejo e com a insegurança, com o sair da toca e estar aberto a experiências, a sensações, à novidade. E tudo isso pode ser vivido dentro de uma relação já existente. Por isso, a sugestão é mesmo serem infiéis à rotina, ao aborrecimento, ao desentendimento, à repetição.

Mas há aventuras que deixam marcas que custam a passar…
Do mesmo modo que o bronze, aquela cor fantástica da pele, vai passando com o tempo, também as aventuras de Verão vão desaparecendo, quer na intensidade das emoções, quer por trazerem o desencanto ou a desilusão.
Podem sempre ficar boas marcas, quer pelas novas aventuras vividas, quer por nos rirmos dos desaires das férias. Mas se a expectativa era demasiado alta, se a idealização não corresponde de longe à realidade, se estamos presos ao mau humor ou se ficarmos fixados no tempo a suspirar pelo que partiu, pode ser difícil regressar das férias.

O que fazer?
A sugestão é esperar um pouco e ver se esse sentimento desagradável persiste. Entretanto procure relaxar e ir aumentando o ritmo gradualmente. As férias podem ser desgastantes. Depois, se continuar a ser desconfortável regressar à rotina, peça ajuda. O stress pós-férias pode ser um problema.

Que conselhos é que dá aos portugueses para aproveitarem de uma forma mais tranquila o Verão?
Quando estiverem na praia peguem num punhado de areia e sintam o toque agradável dos grãos. Deixem a areia escorrer lenta e suavemente, aproveitando o momento e sem o receio de que vão ficar sem nada na mão.
A ideia é aproveitar os momentos e saborear as boas sensações. Inventem como. Na esplanada, com os amigos, com saídas, em viagem… com mil e uma oportunidades, ou simplesmente com duas ou três. Tanto faz. Desde que seja.

Caixa de socorros psicológica para férias?
Nada como uma bolsa de primeiros socorros para pequenas mazelas emocionais ou contra picadas de pensamentos negativos.
Na mala deverá levar:
- Uns comprimidos para a má disposição e a irritação. Ir para férias já (ou ainda) irritado é começar com o pé esquerdo. A logística pode não ser fácil, mas há-de lá chegar. Tem tempo e pode aproveitar a viagem.
- Um balão de oxigénio para respirar melhor. Se o desconforto emocional já estiver na zona amarela, procure relaxar.
- Um repelente contra ruminações e intrusões de pensamentos automáticos desagradáveis.
- A toalha para se deitar na areia. Se tiver uma fadiga imensa logo no início das férias repare que o corpo está de “ressaca” do stress.
- Um protector solar para não se queimar na exposição a emoções muito intensas e prolongadas. Cuidado com os excessos.

Descomplicar os Afectos no Verão
Na Oficina de Psicologia é responsável por uma edição especial de Descomplicar os Afectos no Verão, que tem um claro sucesso. Os três grupos dos afectos descomplicados estão de parabéns pelos excelentes resultados nesta ambição de tornar as relações simples.
Na Oficina de Psicologia vamos lançar o 4.º grupo do D.A. no dia 23 de Setembro. Para saber mais informações ou para se inscreverem é simples: basta ir ao site www.oficinadepsicologia.com e clicar no Descomplicar os Afectos.

Hugo de Oliveira Santos
Psicólogo Clínico - Psicoterapeuta
Oficina de Psicologia - Psicoterapia para todos
www.oficinadepsicologia.com