segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Afectos, com Pipocas Doces


Exercício Interactivo

Na próxima edição da Revista Vida Saudável vamos falar sobre os nossos pensamentos e sentimentos automáticos, nos afectos e nas relações.

Se olharmos para as nossas relações da “cadeira de espectadores”, conseguimos identificar histórias pessoais que se repetem.

As histórias com final feliz são para manter e valorizar, mas aquelas que acabam mal são mesmo para mudar.

Eis um simples exercício para introduzir o tema e fazer o convite à sua participação.

Aproveite cinco minutos do seu dia, quando estiver no seu carro, no metro ou no autocarro, a caminho do trabalho ou de outro local e faça o seguinte:

- Primeiro relaxe um pouco e aproveite a viagem. Este momento é só seu e o seu mundo interior é um vasto território que pode explorar confortavelmente.

- Recorde as suas relações, do presente ou do passado. Escolha um ou outro momento, não só negativo mas também positivo. Não vale a pena estragar o dia com recordações apenas desagradáveis

- Pegue nessas memórias e olhe atentamente para elas, como se fosse apenas um espectador (e não uma personagem da história)

- Vê muitas repetições? Sente que acabou por estar várias vezes na mesma situação, que ouviu as mesmas frases, que viu o outro fazer as mesmas coisas, mesmo em relações diferentes?

- Para terminar, faço agora o convite para partilhar as suas ideias e para dar a sua opinião, respondendo às questões:

1. Acha que repetimos muito a forma de amar e de estar nas relações?
Respostas: Raramente – Às vezes – Frequentemente

2. Acha que atraímos sempre o mesmo tipo de pessoas, nas relações?
Respostas: Raramente – Às vezes – Frequentemente

3. Acha que deveríamos ser infiéis a certas formas de pensar e de sentir os afectos?
Respostas: Raramente – Às vezes – Frequentemente


Obrigado pela sua participação.

Um abraço descomplicado,

Hugo Santos
Oficina de Psicologia

Espelho meu, espelho meu, diz-me quem sou eu?



Artigo publicado na Revista Saudável (Edição: Outubro/2009)
Autoria: Hugo Santos, Psicoterapeuta - Oficina de Psicologia

Ao amor e uma cabana juntámos a inteligência relacional. Na sociedade moderna as competências treinam-se, mesmo aquelas relacionadas com a arte de ser feliz com alguém. Nos afectos, como é que eu sou? Como é que eu gostaria de ser?

Os tempos mudam e com o cronómetro das gerações o nosso olhar e a forma de viver vão igualmente mudando. O amor também se transforma e hoje em dia as relações reflectem diferentes formas de expressar e de trocar afectos.

Sem entrar num discurso modernista ou num tom saudosista sobre os “velhos tempos”, parto do bom princípio que a experiência e os novos conhecimentos permitem-nos evoluir na forma como amamos. Aliar a ciência à magia do amor poderá ser uma boa fórmula para a felicidade.

Deste modo, ao amor e uma cabana adiciono a inteligência relacional, como um suplemento vitamínico que poderá revitalizar conscientemente o campo dos afectos.
Ao longo da nossa linha da vida vamos tendo diversas oportunidades e desafios para colocar à prova e para desenvolver a nossa capacidade para criar relações.
Esta competência para nos ligarmos e interagirmos com os outros espelha-se na forma como reconhecemos e compreendemos os sentimentos, e no modo como aplicamos esta informação no quotidiano dos afectos.

O interessante é termos a possibilidade de ir treinando ao longo da vida a nossa inteligência relacional, podendo, assim, mudar a forma como amamos e como nos relacionamos

Perante isto, desafio-vos a olharem para a vossa inteligência relacional, num convite a espreitar para dentro, através do exercício “Espelho meu, espelho meu, diz-me quem sou eu?”.
O exercício é simples e a minha aspiração é traduzir para uma linguagem prática e próxima do senso comum, estes saberes da psicologia.

Comecemos a viagem…

Cada um de nós tem uma imagem de si próprio ao nível dos afectos e das relações, que se espelha nos comportamentos e nas diversas situações do dia-a-dia.
Se abrirmos a base de dados deste “espelho mágico” e fizermos uma pesquisa sobre o que podemos encontrar, teremos uma imensa lista de características individuais, como por exemplo: “Sou bonito”, “Sou Social”, “Sou Simpático”, “Dou mais aos outros do que recebo”, “Tenho medo da rejeição”, “Acho sempre que a culpa é minha”, “Não digo o que penso”, “Sou desconfiado”, “Detesto quando não me ligam”, “Importo-me muito com o que os outros pensam”, entre outros.

Vamos utilizar algumas dessas características.

Pegue, então, numa folha de papel e numa caneta, e escreva no cabeçalho o nome deste exercício: “Espelho meu, espelho meu, diz-me como sou eu”. Não se preocupe porque não vamos entrar em nenhum campo esotérico. Trata-se apenas de uma simples instrução para começar o exercício.

Agora, desenhe por baixo quatro linhas horizontais, com cerca de cinco dedos de comprimento (a bitola é a palma da mão fechada). Deixe algum espaço entre as linhas. Na extremidade de cada uma, escreva em cantos opostos as seguintes características: Pessimista – Optimista, Inseguro – Confiante, Dependente – Independente e Descomplicado – Complicado.

Acabou de criar uma simples escala de avaliação da sua imagem.
Vamos agora olhar para a primeira linha e para as características: Pessimista - Optimista. A linha representa uma escala entre duas características opostas (no centro está o “meio pessimista - meio optimista”, à esquerda está o extremo do pessimismo e à direita o extremo do optimismo).

Pergunte-se: “Como é que eu sou?”, no campo dos afectos. Sem pensar muito (para a resposta ser mais emocional do que racional), coloque um “x” sobre a linha no local que achar que o caracteriza mais.

Coloque agora uma segunda questão: “Como é que eu gostaria de ser?” e novamente, de forma espontânea, coloque um “x” sobre a linha, mas desta vez com um círculo à volta.
Poderá fazer o mesmo para as restantes características (Inseguro – Confiante, Dependente – Independente e Descomplicado – Complicado).

Dou-lhe algumas hipóteses explicativas dos seus resultados: o espaço entre a primeira e a segunda resposta poderá permitir avaliar a distância entre o seu real e o seu ideal. Quanto maior a distância maior poderá ser a insatisfação ou necessidade de mudança. Por outro lado, se a imagem real e a imagem ideal estiverem sempre “coladinhos”, isto é, muito juntos, poderá ser um mecanismo de defesa que não lhe permite idealizar muito.

A regra é simples: não há respostas certas, nem erradas, nem explicações únicas. Neste exercício cada um avalia-se da forma como lhe fizer mais sentido.

Este “espelho mágico” agora é seu. Poderá fazer o exercício quando quiser, nos dias que quiser, e diversificar as características.
Tem agora uma ferramenta simples para avaliar a sua inteligência emocional, ao nível da auto-imagem (imagem de si próprio). Um importante passo para a mudança e para a transformação é a tomada de consciência de como é que somos e de como é que gostaríamos de ser. A bola está agora do seu lado.
Se fizer a pergunta “espelho meu, espelho meu, há alguém mais bonito do que eu?”, eu próprio lhe darei a resposta: “não há”. Porquê? Agora esta resposta é só sua.